quinta-feira, 30 de julho de 2020

Barrar a Ofensiva Imperialista * Comitê Pró-FNMT/BR


BARRAR A OFENSIVA
IMPERIALISTA

Barrar a ofensiva imperialista contra a 
Venezuela e a América Latina: criar
 um, dois, três Vietnãs!

Os Estados Unidos têm recrudescido sua política golpista e pirata contra a Venezuela no último ano. Seu cardápio de opções golpistas tem variado muito desde 2019 e vão do fracassado títere Juan Guaidó, completamente desmascarado e desmoralizado internacionalmente; da operação terrorista dirigida pelos Marines, na costa do país e esmagada pelo povo venezuelano; do açambarcamento colonial britânico das reservas de ouro bolivariano depositados no Banco da Inglaterra; e por fim do acirramento de criminosas sanções impostas diretamente pela Casa Branca em pleno auge mundial da pandemia de covid-19, no claro intuito de potencializar um verdadeiro genocídio contra o povo da Venezuela, para assim, segundo os intentos macabros de Washington, concretizar seu sonhado golpe contra o chavismo e levar adiante a completa espoliação da nação pelas mãos de seus serviçais internos.
Para incrementar a desestabilização interna da Venezuela, o imperialismo leva adiante em conluio com a imprensa capitalista mundial, sistemática guerra psicológica e de propaganda demonizando o governo Maduro e fecha um cerco contra a América Latina em cumplicidade com as burguesias nativas, redesenhando o mapa geopolítico da região. Para isso, desencadeou um verdadeiro processo de sucessivos golpes de Estado em todo o continente, recorrendo à extrema direita fascista, aos sistemas judiciários, parlamentos e Forças Armadas fantoches locais, levando ao poder gerentes lacaios e verdadeiros peões em países chaves como o Brasil, que, junto da Colômbia--enclave geopolítico de Washington-- apertam um torniquete contra Nicolas Maduro.
É verdade que, a ofensiva imperialista atual contra a Nossa América, também significa uma resposta da Casa Branca ao crescimento dos papéis de China e Rússia na região, considerada pelos escravagistas do Norte seu quintal desde a odiosa Doutrina Monroe; mas desde quando o comandante anti-imperialista Hugo Chaves chegou ao poder na Venezuela em 1998, é questão geoestratégica para a Casa Branca se livrar do chavismo e do nacionalismo bolivariano e impedir seu exemplo em toda a América Latina.
O agravamento da crise estrutural do capitalismo global, o esgotamento de fontes de exploração e depredação neocolonial na Terra e o abalo de sua hegemonia como potência dominante, faz com que o imperialismo estadunidense intensifique sua agressividade e rapina contra os povos, em busca de fontes de matéria prima, petróleo, mercado a ser explorado e mão de obra para produzir mais valor em detrimento de seus grandes concorrentes na arena da disputa do mercado capitalista mundial. Neste tabuleiro a Venezuela possui papel geoeconômico e geopolítico estratégico, devido suas enormes riquezas e potencialidades, sobretudo relacionadas às fontes energéticas.  Como disse o Embaixador brasileiro José Joaquim Moniz de Aragão, durante a Guerra do Chaco, em 1934: “Procuremos precisar quais os interesses em jogo na questão. Petróleo! Exclamam de todos os lados. O petróleo opera prodígios, tem ditado a política internacional das grandes potências, assentou e derrubou governos, abalou uma dinastia, criou fortunas fabulosas e conta entre os seus servidores estadistas dos mais notáveis”. (citado por Moniz Bandeira, no seu livro “Geopolítica e Política Exterior”).
Portanto, o que vemos é uma grande ofensiva criminosa de um império em franca decadência, contra um povo heroico e determinado. Dessa forma, é obrigação de todos os povos do mundo, defender a Venezuela, Cuba, Irã, Coréia do Norte, Síria, Palestina e todos os demais países oprimidos, assediados pelo imperialismo. Nenhum povo do mundo está livre de ser agredido pela beligerância imperialista, como nos diz o pensador estadunidense Noam Chomsky: “Nenhum país está isento desse tratamento (ofensiva imperialista), não importa o quão insignificante seja. Na verdade, são os países mais fracos e mais pobres que causam as maiores histerias”. (Noam Chomsky, “O Que o Tio Sam Realmente Quer”).
É nesse espirito internacionalista e anti-imperialista, que saudamos com muito entusiasmo a recente Plenária Nacional Bolivariana, organizada por partidos da esquerda brasileira, movimentos populares e comitês  solidários à Venezuela.
Defendemos o fortalecimento e maior articulação internacionalmente entre todos os fóruns e organizações, comprometidos com a defesa do povo venezuelano. É preciso fazer de Nossa América, um novo Vietnã contra o imperialismo, já enfraquecido pelo prelúdio de uma bem provável guerra civil em sua pátria, abalada por uma crise econômica, política, social e sanitária sem precedentes.
A causa da Venezuela e de Cuba, é a causa da revolução latino-americana contra o imperialismo e seus fantoches burgueses em nossos países, que perpetuam a miséria de nossa gente e o subdesenvolvimento.  Por uma Pátria Grande anti-imperialista socialista!

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quarta-feira, 8 de julho de 2020

A Derrotada ( e criminosa) Estratégia de Poder Olavo-bolsonarista: tornar a verdade irrelevante * Antonio João Lima / RS


A Derrotada (e criminosa) estratégia de poder olavo-bolsonarista de poder: tornar a verdade irrelevante
Antonio João Lima / RS
O fundamental nessa estratégia é a simples disputa de versões, criar sempre uma narrativa própria, mesmo que falaciosa ou universalmente questionável. E, a partir disso, aí sim, construir ou sustentar seu poder real. Seja pela agregação de força própria orgânica ou através da compra de alianças, seja pelo recorrente ataque sobre seus adversários, críticos, ou à própria realidade (como no caso da confusão nos números da Covid-19 no Brasil). É a política como guerra por outros meios. E, como lembrou o senador americano Hiram Johnson, “em uma guerra, a primeira vítima é a verdade”. Ainda que, no caso em questão, tenham se agregado táticas novas, como as orientadas por Steve Bannon, por pastores pentecostais enganadores e pelas milícias cariocas.
Cada um destes tópicos pode e deve ser analisado mais profundamente em futuros artigos. Todavia, por ora, vale a pena reuni-los como meio de abrir o presente debate. Retomo aqui o argumento central do deste artigo: para aqueles reunidos em torno da estratégia Olavo-Bolsonarista, a verdade é sempre irrelevante. Não importa a busca efetiva pela aproximação lógica, racional e “fria” com a realidade dos fatos.
É por isso que agora eles decidiram que vão maquiar abertamente os já subnotificados números da Covid-19 no Brasil. É por este mesmo motivo, inclusive, que eles desconsideram, e por vezes combatem o simples exercício científico. Ou então, se apegam tão facilmente às suas próprias “versões da realidade”. Como se tudo pudesse ter sempre pontos de vista igualmente respeitáveis e questionáveis, a exemplo da “natureza de esquerda do nazismo”, a “inexistência da crise climática global” ou a “cloroquina e isolamento vertical como soluções para o coronavírus”.
Pandemia esta, inclusive, que poderia, segundo eles, muito bem ser apenas uma invenção da “comunista OMS e imprensa globalista”, que usaria o “terrorismo midiático” com o objetivo de levar sua “aliança com o PCC Chinês ao controle mundial”. Qualquer absurdo pode ser apresentado como argumento razoável, nesta estratégia. Para seus objetivos, uma pandemia de informações desencontradas é tão útil quanto a própria pandemia do Coronavirus, como deixou claro o Ministro da destruição do Meio Ambiente de Bolsonaro.
Foi assim que a famosa mamadeira se tornou verdade para tantos milhões de brasileiros durante a eleição. Foi assim que uma facada muito oportuna elegeu Bolsonaro presidente da República, desobrigando-o a confrontar “suas verdades próprias” através dos debates. Mas a busca pela verdade, em todos estes casos, era irrelevante mesmo. O central era ter-se uma narrativa própria, capaz de ser aceita e defendida por sua turba, mesmo que soe absurda. E a construção e sustentação real de poder e enfrentamento, de forma paralela, como fruto concreto desta estratégia. A exemplo da compra do Centrão em meio à própria pandemia, com o único objetivo de evitar o Impeachment.
Não é difícil de se perceber que Olavo de Carvalho cumpriu um papel central na disseminação deste método, mesmo que hoje eles mostrem suas baixarias em público. Um estudo sistemático de suas falas ao longo das últimas décadas demonstra isso claramente. Por muitos anos, Olavo foi apenas mais um maluco, defendendo ideias absurdas que não faziam qualquer sentido. Por isso era um outsider em qualquer ambiente lúcido de debate. Fosse ele acadêmico, filosófico ou político. Olavo era símbolo do ridículo, assim como Bolsonaro, sua família e os generais de pijama da reserva (os poucos desavergonhados para ainda defender o golpe genocida de 1964 até pouco tempo atrás).
Entretanto, este covil de malucos passa a representar perigo efetivo quando se torna útil para aqueles focados em consolidar uma estratégia real de poder: as Igrejas Pentecostais de direita, os generais da ativa e forças internacionais com interesses no Brasil. Steve Bannon é outra referência central aqui, articulando líderes de direita por todo o mundo, dispostos a construir força real para este “novo eixo internacional do mal”, ainda que na maior parte das vezes baseados no referido desprezo pela realidade. Mas o enfraquecimento de Bannon e seu pupilo Donald Trump serão objeto de análise em outros artigos.
Nesta estratégia, aquilo que chamamos de Fake News não representa apenas a difusão de notícias sabidamente falsas. São instrumentos constantes e intencionais de disputa de versões, e servem perfeitamente à estratégia de criar “verdades próprias”, confusões generalizadas que justifiquem a mobilização de suas forças e o enfrentamento permanente de seus críticos ou adversários.
Observe que esta estratégia explica a postura Bolsonarista em todo e qualquer tema que você queira analisar. Você pode fazer o esforço de observar as reações deles frente a qualquer tema polêmico. A verdade é sempre irrelevante. Não há recuo para eles. Eles terão sempre sua própria versão para os fatos. Mesmo que isso represente a morte de dezenas de milhares de brasileiros, o sofrimento de milhões ou o colapso de nossa economia já deteriorada.
É isso que faz dos Bolsonaristas orgânicos um grupo irredutível, sem envergadura para rever posicionamentos. Capazes de defender abertamente a guerra civil, o fechamento do STF e Congresso e ameaçar o Estado de Direito sem medo. E isso será suficiente, enquanto alimentar sua matilha, e eles conseguirem preservar seu poder real na sociedade e, em especial, no aparato de Estado. Enquanto isso, eles seguem fazendo manobras escusas como ao longo dos últimos 30 anos, agora ajudando ainda mais seus parceiros a “passar a boiada”, enquanto seguem armando e treinando suas milícias “ucranizadas”.
Portanto, a estratégia de quem lhes faz oposição não pode recair sobre a disputa da verdade dos fatos, apenas. Torna-se uma luta eterna de “versões” sobre todo e qualquer tema, seja ele o enfrentamento da Covid-19 no Brasil, assim como o fato da terra ser plana ou não. Passar os números diários da pandemia no Plantão da TV e demais órgãos de imprensa agora aliados é uma ação histórica em defesa da liberdade de informação. Mas como diria o poeta, pode até ser uma boa rima, mas não é uma solução.
A ação daqueles que querem o bem do Brasil não pode mais passar apenas por denúncias diárias, ações isoladas ou unidades pontuais sem efeitos práticos. Chegou o momento de todos os democratas do Brasil se unirem em uma estratégia comum, que passará por somar sim todas as denúncias possíveis, mas também demonstrar que o impeachment de Bolsonaro é uma exigência imediata da quase totalidade dos Brasileiros e suas instituições. Haverá, certamente, reações de grupos fascistóides. E como sociedade precisamos estar preparados para elas. Mas não podemos perder de vista que apenas denúncias e manifestações de opiniões não serão mais suficientes. A verdade será sempre enfrentada pelos Bolsonaristas. A questão central é a questão do Poder. E esta passa, necessariamente, pelo impeachment imediato de Bolsonaro e o cercamento jurídico e policial de suas milícias.
(*) Mestre em Sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
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quinta-feira, 2 de julho de 2020

Nota de Repúdio * FNMT/BR


Nota de Repúdio
 do Comitê pela Frente Nacional de Mobilização dos Trabalhadores, às ameaças do militante do PSOL, Danilo  Pássaro, contra o PCO.

Na noite do último dia 30 de junho, Danilo Pássaro, filiado do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) de São Paulo, base do ultra oportunista Guilherme Boulos (dirigente nacional do PSOL) e garoto propaganda dos jornalões burgueses “O Globo” e “Estadão”, foi junto de outros “bate paus”, até a sede do Partido da Causa Operária (PCO), ameaçar fisicamente e tentar intimidar os camaradas da direção do partido. Pássaro, claramente instrumentalizado por setores da burguesia, tenta controlar os atos contra Bolsonaro que tem ocorrido de um mês para cá na capital paulista, e assim como seu “padrinho”, Boulos, canaliza-los para uma via eleitoreira.
As tentativas de proibir que os partidos e organizações da esquerda levantem suas bandeiras e palavras de ordem em atos e manifestações, deixa claro que esses setores oportunistas traficam para dentro do movimento popular a política e os métodos criminosos da extrema direita bolsonarista. Estes elementos pequeno burgueses, pautados quase que abertamente pela Rede Globo, tem evitado ao máximo levantar palavras de ordem que vá além dos horizontes eleitorais burgueses e tentam manipular as mobilizações em torno da defesa da “democracia” dos ricos, que, nas atuais condições de decadência total do capitalismo mundial, nada mais é do que garantir os lucros dos grandes parasitas burgueses às custas de um verdadeiro genocídio contra o povo pobre e trabalhador.
Nós, do comitê pela Frente Nacional de Mobilizações dos Trabalhadores, repudiamos veementemente tais métodos gangsteres nas relações entre militantes da esquerda, como Danilo Pássaro covardemente fez contra o PCO. Não podemos em hipótese alguma, permitir que sejam reproduzidos em nosso meio, os mesmos métodos e moral dos mais encarniçados inimigos da classe trabalhadora.
Neste sentido, cobramos publicamente uma manifestação e esclarecimento por parte da direção do PSOL, visto que Pássaro até onde sabemos, é filiado a este partido. Ainda mais, cobramos uma posição das demais organizações e agrupamentos da esquerda brasileira e dos movimentos operário e popular.
Sabemos muito bem onde pode chegar tais métodos intimidatórios e criminosos contra uma organização da esquerda, e a quem e qual classe pode servir. Desde já, apesar de possuirmos importantes divergências com o PCO, estamos na mesma trincheira e nos solidarizamos intransigentemente aos camaradas deste partido.

Comitê pela Frente Nacional de Mobilizações dos Trabalhadores
FNMT
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quarta-feira, 1 de julho de 2020

A América Latina No Olho Do Furacão * Roberto Bergoci/SP

A América Latina no olho do furacão: 

o agravamento da crise orgânica do capital na raiz da nova onda golpista em nosso continente

(Artigo escrito por Roberto Bergoci  para Conaicop BR em 03.01.2020)

A América Latina no olho do furacão: o agravamento da crise orgânica do capital na raiz da nova onda golpista em nosso continente.

 Toda análise mais profunda, que envolva a totalidade do modo de produção capitalista, tem chegado a conclusões de que, tal regime entrou num longo período de declínio, crises constantes e regresso civilizacional. A crise profunda que hora vivenciamos na América Latina é um momento dessa totalidade, manifesta em uma de suas cadeias mais débeis, que é justamente o capitalismo dependente. Sem uma compreensão desse fenômeno em seu conjunto, fica impossível entendermos o que de fato nos atinge  em Nossa América.
 A crise contemporânea que abala a sociedade burguesa em seu conjunto, possuí um caráter dialético, pluri causal, como nos ensina Marx em seus três livros que compõem  O Capital: neste processo, vemos a combinação e ação recíproca influir uns sobre os outros, os problemas estruturais que envolvem o modo de produção capitalista, como superprodução, queda das taxas de lucro, sobreacumulação, financeirização, etc;  em suma, a manifestação da crise de valorização do capital em sua organicidade. Este processo se torna ainda mais dramático, sobretudo pelo fato de que, uma das características do capitalismo atual é ter entrado numa fase de completo amadurecimento e mundialização, onde deslocou já para quase toda parte do globo terrestre suas contradições, como já teorizado por Rosa Luxemburgo em seu importante livro “Acumulação de Capital”.
 Na verdade, como disse o economista marxista Robert Kurz em um de seus escritos: “Desde meados dos anos 1970 se multiplicam os sinais de uma séria crise da reprodução do sistema mundial produtor de mercadorias. Taxas declinantes ou estagnadas; desemprego em massa e ‘estrutural’ crescentemente desacoplado dos ciclos conjunturais tanto nos países desenvolvidos da OCDE quanto na periferia do mercado mundial [...] Tudo isso, por sua vez, é superposto pela cada vez mais ameaçadora crise do ecossistema em escala planetária: do “buraco na camada de ozônio” à destruição das florestas tropicais da África e da Amazônia, da propagação das zonas desérticas à contaminação das cadeias alimentares, da destruição dos sistemas ecológicos internos como os do Mar do Norte, dos Alpes e do Mar Mediterrâneo até a irreversível contaminação dos solos e da água potável etc.” (Robert Kurz, “A Crise do Valor de Troca”). Dessa forma, em concordância com outros importantes autores marxistas da contemporaneidade, podemos perceber que a atual crise, ao contrário das anteriores correspondentes ao capitalismo em sua fase de ascenso, atinge a totalidade  do regime burguês.
 O pensador revolucionário István Mészáros ensina que: “[...] a crise do capital que experimentamos hoje é fundamentalmente uma crise estrutural. Assim, não há nada especial em associar-se  capital a crise. Pelo contrário, crises de intensidade e duração variadas são o modo natural de existência do capital: são maneiras de progredir para além de suas barreiras imediatas e, desse modo, estender com dinamismo cruel sua esfera de operação e dominação.”(István Mészáros, “Para além do Capital”). E um pouco mais à frente Mészáros explicita a singularidade da atual crise  que, segundo ele, possui um caráter universalizante, atingindo todas as esferas da reprodução social.
 Pedindo já perdão ao leitor pelas longas citações-- que ao nosso juízo são essenciais para uma melhor compreensão do que ocorre na América Latina, tema de nosso texto--  segue Mészáros: “A novidade histórica da crise de hoje torna-se manifesta em quatro aspectos principais:
    (1) Seu caráter é universal, em lugar de restrito a uma esfera particular (por exemplo, financeira ou comercial, ou afetando este ou aquele ramo particular de produção[...];
    (2) Seu alcance  é verdadeiramente global (no sentido mais literal e ameaçador do termo), em lugar de limitado a um conjunto particular de países (como foram todas as principais crises do passado);
    (3) Sua escala de tempo é extensa, continua, se preferir, permanente, em lugar de limitada e cíclica, como foram todas as crises anteriores do capital;
    (4) Em contraste  com as erupções e os colapsos mais espetaculares e dramáticos do passado, seu modo de se desdobrar poderia ser chamado de rastejante, desde que acrescentemos a ressalva  de que nem sequer as convulsões mais veementes ou violentas  poderiam ser excluídas no que se refere ao futuro: a saber, quando a complexa maquinaria agora ativamente empenhada na ‘administração da crise’ e no ‘deslocamento’ mais ou menos temporário das crescentes contradições perder sua energia.”(Idem).
Pensamos que no geral, este seja o caldo de cultura do atual período de instabilidade e golpes de Estado envolvendo praticamente todos os países latinoamericanos. Isso não exclui, pelo contrário, se combina dialeticamente com as características próprias dos países em nosso continente, marcados pela dependência e subdesenvolvimento, tornando dessa forma os efeitos da crise orgânica do capitalismo mundial muito mais perversos em nossa Grande pátria.

Instabilidade, golpes e geopolítica do caos: a América Latina e o imperialismo diante da crise estrutural
 Nesta nova etapa do capitalismo mundial, marcado pela hegemonia  do capital financeiro fictício, o padrão de acumulação que caracteriza os países latinoamericanos é justamente o neoliberalismo.  O padrão de acumulação neoliberal é em si, a expressão da crise da produção de mais-valia, como consequência dos processos de intensificação da automação industrial poupadora de trabalho vivo, humano, o que Marx conceitualizou como o aumento da composição orgânica do capital.
 O regime neoliberal de acumulação trás em seu bojo, o incrível incremento da superexploração dos trabalhadores, desemprego crônico, recrudescimento da transferência de valor e de riquezas dos países dependentes para as metrópoles imperialistas, pauperismo absoluto das massas trabalhadoras e das classes médias, intensificação da marginalização e “lupenização” de vasta parcela das massas populares e etc.
 A América Latina vive entre os fins dos anos 1980 e inicio dos anos 1990, sua primeira onda neoliberal. Na época, o continente estava marcado pela crise da divida, fuga de capitais, desinvestimentos, grande estagnação econômica e etc. O imperialismo estadunidense e toda gangue representante do grande capital financeiro internacional e sua imprensa, aliados das oligarquias latinoamericas, viam sérios riscos quanto às suas condições de lucros e espólio. Nascia assim o famigerado Consenso de Washington, pilar da generalização neoliberal-neocolonial em nossa região.
 Este período se caracteriza entre outras coisas pelo assalto descarado aos ativos estatais por parte das multinacionais, através das privatizações. Boa parte das conquistas sócias foram destruídas pela via das “reformas estruturais”: trabalhistas, previdenciárias, etc. Saindo dos sanguinários regimes militares, o continente foi dominado pela ditadura do “deus” mercado, onde nossos povos eram literalmente imolados nesse altar da barbárie.
 Não tardou para que as revoltas operárias e populares colocassem um duro freio a esse genocídio social. Venezuela, Argentina, Bolívia, Equador entre outros países, foram sacudidos por  verdadeiros processos de insurreições e\ou explosões sociais, derrotando duramente os governos títeres da Casa Branca.  Na sequencia, o continente  hegemonizado politicamente pelos governos nacionalistas burgueses, colocaram certo freio nas políticas neoliberais. O crescimento da economia mundial no período, sobretudo a ascensão da China como importante ator e  importador de matérias primas, estimulou a valorização dos produtos agrominerais, importante base de exportação de nossas economias dependentes.
 Tal conjuntura “favorável”, permitiu relativa melhora  nas contas externas de nossos países, transformados em importantes concessões aos povos trabalhadores e a pequena burguesia. No entanto, os pilares da dependência e do subdesenvolvimento jamais foram tocados pelos chamados governos “progressistas”. A submissão aos imperativos da divisão mundial do trabalho, a superexploração da força de trabalho, a crônica transferência de valor e riqueza para os países imperialistas não foram revertidos, apenas “aliviados”. Em suma, as relações de exploração e opressão se mantiveram com algum freio, mas em essência continuamos sendo países dependentes.
 A América do Sul em particular, se distanciou relativamente do Consenso de Washington, criando a ALBA, ou fortalecendo outros fóruns de integração regional como o Mercosul. Além disso, houve no período uma importante aproximação de países adversários dos EUA no âmbito geopolítico como Rússia e China, além da constituição dos BRICS e sua relação com a América Latina, que na prática, embora sua moderação, afrontava na região a odiosa hegemonia da Casa Branca.
 De forma muito sumária, podemos afirmar que tais fatores, conjugados  com a explosão em 2007-2008  de mais um momento da crise estrutural do capitalismo mundial, foram determinantes para por fim ao período que se inicia no começo dos anos 2000 em nosso continente, abrindo assim as condições objetivas para a atual quadra de barbárie em nossos países.
O neocolonialismo imperialista e o Ascenso do fascismo
 A América Latina vive atualmente um período de grande turbulência e caos econômico, político e social. A intensificação da crise mundial capitalista é a base do recrudescimento de todas as contradições que envolvem o capitalismo dependente.
 A burguesia imperialista e seus sócios menores na America latina tem levado adiante, como resposta à crise, uma verdadeira reestruturação do capitalismo em nosso continente: as formas políticas e jurídicas sustentáculos dos regimes políticos, estão sendo transformadas, “adaptadas” dialeticamente às novas necessidades de acumulação. Podemos dizer que um “novo” patamar de acumulação, baseado num grau muito mais intenso de superexploração e dominação neocolonial, esta sendo gestado em toda a América Latina.
 Fatores geopolíticos de primeira ordem também influem neste processo. A esse respeito, o imperialismo leva adiante uma verdadeira batalha de vida ou morte para minar a influencia de Rússia e China na região e estabelecer sua “nova” doutrina Monroe, através da dominação do Spectro Total, como dizia Moniz  Bandeira . A luta pela sua hegemonia incontestável, pelo controle ferrenho de fontes de matéria prima e energéticos no continente, além da dominação de importantes reservatórios de água potável, são a base da atual ofensiva imperialista contra a América latina.
 Semelhanças com o que fizeram no Oriente Médio não é mera coincidência: Washington tenciona trazer o caos planejado para a nossa região, através das chamadas “guerras hibridas”, ou seja, a intensificação de conflitos irregulares e indiretos, como tem demonstrado o importante  estrategista  Andrew Korybko. O papel desempenhado por exemplo, das igrejas neopentecostais nos atuais golpes de Estado no continente, em muito se assemelham as atuações fundamentalistas dos wahabitas sunitas  islâmicos no Oriente Médio.
 A militarização da região e o ascenso de agrupamentos fascistas tem sido outro instrumento mobilizado pela Cia e Mossad atualmente. Para levar adiante a espoliação radical de nossos povos, o grande capital imperialista tem de lançar mão de seu reservatório fascista contra as organizações de luta da classe trabalhadora  e quebrar a resistência das massas.
 A política de roubo e pilhagens do capital financeiro atualmente na America latina, somente pode ser conseguido até suas últimas consequências, através do terrorismo de Estado. O narco Estado colombiano é um modelo que os imperialistas planejam generalizar. O crescimento das milícias bolsonaristas no Brasil, suas relações com o narcotráfico, com as Policias Militares e com o alto Comando das Forças Armadas é sintomático disso. As repressões selvagens contra as massas no Chile e na Bolívia pelos golpistas fascistas, também são exemplos do que pode se generalizar no continente, tendo como caldo de cultura a intensificação da crise de dominação burguesa.
A América Latina Resiste!
 Os povos latinoamericanos resistem bravamente  aos bárbaros ataques das burguesias nativas e do imperialismo. Os trabalhadores chilenos são um exemplo a ser seguido por nossos povos. O recrudescimento das mobilizações contra o carniceiro Sebastian Piñera tem colocado a burguesia pinochetista chilena contra a parede e promovido uma verdadeira crise de dominação no país.
 O povo boliviano, como em outros momentos históricos se levanta contra o golpismo em seu país. Os golpistas lupens, verdadeiros peões da Casa Branca, Jenine Áñez, “Macho” Camacho e toda a quadrilha que usurparam o governo boliviano tem de promover um genocídio de fato contra as massas, para garantir o roubo mais vil à nação em favor do capital estrangeiro.
  Equador, Haiti e Argentina, dão mostras das tendências revolucionárias do povo latinoamericano no próximo período.
 No Brasil, a classe trabalhadora deste país precisa entrar em cena e por abaixo a gerencia entreguista do bandido miliciano Jair Bolsonaro. Os trabalhadores brasileiros podem desestabilizar o jogo de forças na região e arrastar a America latina para um grande ascenso antiimperialista revolucionário; para isso precisam romper a camisa de força de suas direções hegemônicas, comprometidas com a estabilidade do regime burguês decadente.
 De qualquer forma, não há no próximo período, qualquer sinal de recuperação consistente da economia capitalista. Pelo contrário, o que se vê no horizonte é o aprofundamento da crise estrutural e das consequentes turbulências políticas, que podem de fato generalizar na America Latina, a crise de dominação das burguesias nativas, fator que põe na ordem do dia a luta anti imperialista e a revolução socialista continental, em direção a Grande Patria Latinoamerica Socialista!
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